Donald Trump contrariou seus parceiros europeus e retirou os Estados Unidos do acordo que haviam feito, junto com Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China com o Irã, para controlar o programa nuclear dos iranianos. As conseqüências disto são as piores possíveis. Tanto no que toca aos aspectos comerciais como aos bélicos. Isto porque, com o rompimento do acordo, os EUA voltam a impor sanções econômicas ao Irã. E isto implica que, não só as empresas norte-americanas não poderão negociar com Teerã, como qualquer outra empresa de qualquer país que fizer negócio com os iranianos não poderá mais negociar com os EUA.
O acordo fora firmado em 2015, sob a liderança do então presidente Barack Obama, e estabelecia que, pelo menos por dez anos o Irã ficaria impedido de produzir a bomba atômica. Trump disse que isto não fazia sentido, porque depois deste prazo o Irã teria a bomba. O francês Emmanuel Macron tentou convencer Trump a negociarem uma prorrogação deste prazo. O americano não topou. Na prática o que isto significa: que se o Irã não aceitar a manutenção do acordo com os demais signatários, conforme estão propondo, poderá num prazo de três meses a um ano chegar à bomba atômica.
No que tange ao aspecto comercial, com o acordo e o levantamento das sanções, várias empresas ocidentais se estabeleceram no Irã ou criaram grandes negócios com o país. Estão na lista, Airbus, Boeing, Renault, Daimler, Siemens, PSA Peugeot Citroën e Total, entre outras. As aéreas perdem de cara negócios bilionários. A Boeing perde a venda de 110 aeronaves no valor de US$ 20 bilhões. A Airbus já tinha acertado com a estatal IranAir a venda de cem aviões por US$ 19 bilhões. A Total fez negócios na área do petróleo no valor de US$ 5 bilhões. As montadoras franceses já tinham iniciado atividades para produzir 350 mil veículos ano no país. E por aí afora.
Os demais signatários querem manter o acordo, mas, esbarram nessa imposição de Trump de que não poderão mais negociar com os Estados Unidos. O que levou a premiê alemã Angela Merkel a deixar implícito em sua declaração que os Estados Unidos já não são mais um parceiro confiável. Já o ministro das Finanças da França disse que a Europa não é vassalo dos EUA e pediu medidas de proteção às empresas europeias para manutenção do acordo.Pode-se acrescentar ainda como decorrência do destrato as confrontações que passaram a haver entre forças israelenses e iranianas, gerando mais um foco de tensão e de perigo de uma nova guerra no Oriente Médio.