O espírito de Lula, “nunca antes na história deste país”, baixou em Donald Trump, em seu pronunciamento nesta terça-feira na ONU. Disse ele: “Em menos de dois anos, minha administração realizou mais do que qualquer outra administração na história de nosso país”. Pela primeira vez, um presidente norte-americano provocou risos debochados dos representantes dos 193 países que estavam reunidos na Assembleia Geral. Experiente, Trump disse que não esperava aquela reação, mas, que tudo bem.
A declaração revela a megalomania do dirigente norte-americano, que se acha tão poderoso a ponto de, não só bater de frente com potências tradicionalmente oponentes, como China e Rússia, mas também com o maior aliado, a União Europeia. Trump insistiu com a sua política isolacionista, protecionista e nacionalista. Na contramão do que prega a União Europeia e dos princípios que levaram os Estados Unidos a ser o principal articulador da criação da ONU, no pós guerra, como forma de sufocar os nacionalismos exacerbados de então. Na medida em que fomenta os nacionalismos, Trump está incentivando os partidos de tal índole na Europa, colaborando para aquilo que os europeus mais esclarecidos mais temem: a desintegração da UE, com a volta dos sentimentos que levaram a duas grandes guerras e a milhões de mortos.
Outro alvo preferido de Trump hoje é o Irã, já tendo rompido o acordo sobre o controle do programa nuclear daquele país. Com isto, está provocando uma coligação da União Europeia com a China e Rússia, os demais signatários do acordo. Todos estes querem ter o Irã como parceiro, não só para evitar que o país venha a ter uma bomba atômica, mas para seguir com os grandes negócios que desenvolveram e que envolvem, inclusive, fábricas de automóveis em território iraniano.
Resta dizer que o protecionismo de Trump se, por um lado ajuda algumas empresas, que apesar de terem um produto inferior ou mais caro, conseguem competir, por outro, prejudica outras, como a automobilística, que dependem de componentes ou insumos para os seus produtos. E o protecionismo sabe-se bem no que dá. Aqui no Brasil, por exemplo, foi dado ao setor de informática na década de 1970. O atraso foi monumental. É o que Trump está fomentando nos Estados Unidos.