O Reino Unido tem até o próximo dia 31 para estabelecer um acordo com a União Europeia para sua saída do bloco. Nesta quinta-feira o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciou que os dois lados haviam chegado a um acordo. Isto foi como se tivesse sido marcado um gol aos 45 minutos do segundo tempo. Afinal, uma saída sem acordo é vista como algo traumático. Nesse caso, as perspectivas são de uma redução de 2% do PIB britânico, um aumento de 5% no índice do desemprego e uma desvalorização de 10% da libra. Se não bastassem esses números, há outras preocupações. Uma, é a Escócia, que votou pela permanência na UE e pode ver crescer o movimento separatista. Outra é questão da fronteira da Irlanda do Norte, que é território britânico, com a Irlanda, que é parte da União Europeia. Única fronteira terrestre do Reino Unido com a Europa e que tem livre trânsito. Se for fechada pode trazer de volta os históricos confrontos entre católicos e protestantes, que marcaram a região e que terminaram em 1998, graças a um acordo que veta a criação de uma barreira física na divisa. Este chamado “backstop”, mecanismo previsto para evitar a volta dos controles alfandegários na fronteira entre as Irlandas é um dos pontos mais sensíveis para um acordo.
Embora a euforia causada pelo anúncio da quinta-feira, que, inclusive, fez a libra se valorizar, há muito caminho ainda a ser trilhado. Agora cabe aos parlamentos, do bloco e do Reino Unido ratificar o acordo, para que o mesmo seja assinado depois pelos respectivos chefes de Estado. As informações são de que do lado europeu não haverá problema algum, porém, o mesmo não se espera do lado britânico. Basta lembrar que enquanto era primeira-ministra Theresa May acertou por três vezes um acordo com a União Europeia e pelas mesmas três vezes os mesmos foram rejeitados no parlamento britânico.
O Partido Unionista Democrático, DIP na sigla em inglês, da Irlanda do Norte, tem enfatizado sua discordância com o acordo, que não vai aprová-lo. E, caso não haja acordo, a Comissão Europeia não se dispõe a conceder prorrogação de três meses para a saída do bloco.Um retrocesso ainda maior. Assim é que o gol marcado aos 45 está sob avaliação do VAR, que poderá não só anulá-lo como ainda marcar um pênalti contra o time que o marcou, por um lance anterior em sua grande área.