Mesmo em época de pandemia, de protestos raciais e de baixa na economia, os norte-americanos seguem atentos às campanhas eleitorais com vistas à eleição de 3 de novembro. Donald Trump retomou seus comícios esta semana em Tulsa, Oklahoma, num evento para um ginásio que teve metade de sua capacidade ocupada, mas, que não deixou de ser uma violação aos preceitos de proteção contra o Covid19, ao colocar ali 6,8 mil pessoas. Enquanto isto, os democratas programaram sua convenção nacional para referendar o nome do ex-vice presidente Joe Biden como o seu candidato. Será de 17 a 20 de agosto, em Milwaukee, Wisconsin, no sistema on-line.
Até o início deste ano Trump via sua reeleição garantida. Afinal, o país navegava em uma economia crescente e de pleno emprego. Daí veio a pandemia do coronavirus, com uma atuação desastrada de Trump na sua condução. Em decorrência, o desemprego e uma previsão de queda do PIB de 7,8% segundo a OCDE. E somou-se a questão do racismo, com os protestos que tomaram conta do país e onde, mais uma vez, Trump foi um desastre.
Vieram então as pesquisas. Uma das últimas, elaborada pelo The New York Times e o Sienna College, apresenta uma liderança de até 14 pontos de Biden em relação a Trump, de 50% a 36%, arrasando entre os eleitores negros e hispânicos e aumentando a vantagem entre os jovens e as mulheres. O democrata vence o republicano por 22 pontos no eleitorado feminino, 74 pontos no afro-americano e diminuiu a diferença com Trump entre os brancos. Os últimos acontecimentos têm favorecido tremendamente o candidato democrata, que, nesta semana, recebeu uma substancial ajuda do ex-presidente Barack Obama, arrecadando 7,8 milhões de dólares para a campanha em menos de 24 horas.
No entanto, é preciso sempre espelhar-se na história. E a história recente dos democratas é preocupante. Na última eleição Hillary Clinton esteve sempre à frente de Trump e acabou perdendo. Embora tenha feito mais votos populares, perdeu no Colégio Eleitoral, que é o sistema americano. E a vantagem que Biden tem hoje sobre Trump é menor do que a que Hillary tinha em 2016. Em estados chaves como Pensilvânia, Wisconsin e Flórida, Biden tem uma vantagem de 6,3 pontos sobre Trump. Porém, nesses a vantagem de Hillary era de 10,7 pontos. Daí o cuidado que os democratas estão tendo com a síndrome de Hillary.
Trump de sua parte, aposta numa repetição 2016. “A ‘maioria silenciosa’ está mais forte do que nunca antes”, gritou Trump no comício de Tulsa . Como um populista, Trump é reconhecido por propor soluções simples para problemas complexos. Ao acreditar nas propostas do presidente, independentemente do quão efetivas elas sejam, a base de Trump sente maior necessidade de um líder como ele, à medida em que a situação econômica e social do país piora. Restará ver em novembro quantos ainda estão fiéis a esse pensamento.