Grécia e Turquia estão na iminência de uma confrontação bélica no Mediterrâneo. Tanto que a diplomacia da Alemanha saiu a campo para pedir calma aos dois países, enquanto que a União Europeia promoveu uma reunião de emergência para tratar do assunto. O foco da disputa, limites territoriais, com o agravante de que se trata de uma área onde foi descoberta grande quantidade de gás. Mais uma entre as muitas disputas que, historicamente, os dois países vêm travando. A situação começou a se agravar no dia 10 de agosto, quando um navio turco de prospecção de petróleo iniciou pesquisas perto da ilha grega de Castelorizo, que tem uma área de apenas 9 km² e 500 habitantes. O navio foi escoltado por cinco embarcações de guerra turcas e acendeu alerta vermelho das autoridades gregas, que, em resposta, também passaram a vigiar as águas do entorno. O problema é que a minúscula Castelorizo é um entreposto grego que fica a 500 km da costa da Grécia e somente a 2 km da Turquia. Uma visão do mapa deixa isto muito claro. A ilha está colada ao território sul da Turquia. E justo por isto Ancara não está conforme com essa soberania grega.
O problema é a Turquia querer avançar na área sem que tenha havido um tratado que modifique o status quo da região. O que fez com a Grécia decidisse realizar manobras militares navais na área, aumentando o risco de um conflito. O que não é novidade na história dos dois países. Para não ir longe, cito o tempo desde que os turcos otomanos tomaram Constantinopla, em 1493, acabando com o Império Bizantino. E mesmo depois que a Grécia conquistou sua independência, em ação que se desenvolveu de 1821 a 1829, as fronteiras nunca foram cem por cento aceitas. Nos tempos mais recentes, as disputas se concentraram na ilha de Chipre, a qual se divide entre cipriotas gregos e cipriotas turcos. Em 1974, a Turquia invadiu a ilha, tomou a parte Norte e a declarou independente.
Desde 1952, os dois países fazem parte da Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Mas nem esta parceria com os demais europeus ajudou a amenizar as divergências. E agora sob o governo de Recep Erdogan a Turquia está ainda mais afastada, inclusive, flertando com a Rússia de Vladimir Putin. O que faz, logicamente, que a Grécia esteja gozando do amparo dos europeus. Porém, para estes não interessa mais uma guerra na região. Mas, para uma Turquia isolada, que, inclusive quis fazer parte da União Europeia e não conseguiu, e que se sente lesada por não poder usufruir de um preciso produto que está junto ao seu território, tudo é possível. E de parte de Putin, seguramente que está oferecendo ajuda militar à Turquia, pois o que ele mais quer é ver o circo europeu pegar fogo.