Em tempos de confrontação verbal entre o norte-americano Donald Trump e o norte-coreano Kim Jong-un, tendo como pano de fundo uma guerra nuclear, nada mais justo do que a concessão do Prêmio Nobel da Paz para quem luta pela eliminação das armas atômicas. Afinal, o mundo está temeroso de que o bate boca entre os dois destemperados dirigentes escorregue para a um conflito cujas proporções seriam catastróficas. Por isto deve ser louvada a decisão da Academia de Oslo. Criada em 2007 na Austrália e com sede hoje na Suíça, a ICAN – Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, reúne 468 organizações de 101 países nessa luta por uma causa que é de toda a humanidade.
Só de lembrar o que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki ao final da Segunda Guerra, em 1945, já provoca arrepios. O Mundo esperava que isto nunca mais viesse acontecer. No entanto, em 1962, durante a crise dos mísseis em Cuba viveu-se uma tensa semana, diante da possibilidade de uma guerra entre Estados Unidos e União Soviética. Vivia-se o auge da Guerra Fria e o famoso “equilíbrio do terror”. E foi justamente a conscientização de que, se uma potência atacasse a outra também seria destruída, que provocou um arrefecimento na confrontação. O término da Guerra Fria, com o desmantelamento do comunismo na Europa e o fim da União Soviética, trouxe um novo alento para a humanidade. Começaram então as conversas para a redução dos armamentos nucleares. Embora o dado positivo de que essa redução aconteceu, é preciso lembrar que o potencial hoje existente ainda é capaz de uma destruição em massa.
Não se pode esquecer que países periféricos, envolvidos em conflitos regionais, também trataram de obter suas armas nucleares. Como foi o caso de Índia e Paquistão. Embora não seja admitido oficialmente, sabe-se que Israel também possui a bomba. Assim, o temor hoje não envolve somente a possibilidade de um conflito entre nações, conforme este ameaçador entre EUA e Coreia do Norte, mas a possibilidade de artefatos nucleares caírem em mão de terroristas. Algo que se torna possível em países como o Paquistão, por exemplo, cujo governo não tem o controle sobre parte do seu território que está em mãos de terroristas da Al Qaeda. Daí, apesar de todas as dificuldades, a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido pela ICAN, a saudada vencedora do Nobel da paz.