Foi realizado em Genebra, nesta quarta-feira, o tão esperado encontro entre o presidente norte-americano Joe Biden e o seu colega russo Vladimir Putin. Um encontro antecedido por fortes críticas a Moscou e de um fortalecimento das relações dos EUA com o G-7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo, e a OTAN, aliança militar criada pelo Ocidente em 1949 para enfrentar a então União Soviética. O que se teve, no entanto, foi uma cúpula descrita por ambos como “construtiva e pragmática”. E outra definição, no mínimo curiosa, de que “concordaram em discordar”.
Nesse sentido, Biden criticou Putin pelo apoio que vem dando aos rebeldes pró-Rússia que ocupam a parte Leste da Ucrânia. Vale lembrar que a guerra civil pelo controle da parte Leste da Ucrânia, região conhecida com Donbass, começou em 2014 e vem tendo o permanente apoio da Rússia, em tropas e armamentos, aos ucranianos de ascendência russa que querem a anexação daquela área à Rússia. Putin respondeu para Biden dizendo que o Ocidente apoiou o “golpe sangrento” que tirou do poder na Ucrânia o seu aliado Viktor Ianukovich, o que o levou a anexar a Crimeia e a fomentar a guerra civil ucraniana. Divergências à parte, ambos falaram a mesma língua ao citar soluções para o problema: que elas sejam baseadas nos Acordos de Minsk. Costurados em 2014 e 2015, eles preveem a devolução do controle do leste para Kiev, mas mantendo um grau de autonomia para os de ascendência russa. Algo que hoje é inaceitável para a elite política ucraniana. Mas é o caminho.
Outro tema discutido foi a suposta interferência de hackers russos nas eleições presidenciais norte-americanas, assim como em órgãos de segurança do país. Mais uma vez houve concordância. Acertaram iniciar um diálogo para o estabelecimento de padrões de segurança e reação contra ameaças futuras. O que deixa implícito que Putin admitiu a interferência russa mediante ciberataques. No que toca aos direitos humanos, Biden criticou a perseguição ao dissidente Alexei Novalni, o qual, segundo Putin, age contra as leis russas. E aproveitou para cutucar Biden a respeito da prisão de Guantânamo. A concordância final foi no sentido de conversas futuras para aprimorar o controle de armas nucleares.
Concluindo: apesar de Biden se munir de apoio do G-7 e da Otan para ir à reunião, não houve uma confrontação. Foi um encontro civilizado como se espera dos chefes de duas grandes potências.