O suicídio nesta semana do ex-presidente do Peru Alan Garcia, envolvido na corrupção da Odebrecht, trouxe o país de volta para o noticiário. Embora tenha sido por fato negativo, é preciso ressaltar que muitas coisas positivas estão acontecendo país. Isto apesar de os últimos quatro presidentes estarem envolvidos na corrupção promovida pela construtora brasileira. Ou seja, todos os presidentes eleitos a partir de 2001. Alejandro Toledo (2001-2006), Alan Garcia (2006-2011), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuchinsky (2016-2018). Pois, mesmo com isto, o Peru tem crescido a uma média de 4% ao ano nos últimos 20 anos.
E aí vem logicamente a pergunta sobre como isto pode estar acontecendo. A resposta está no fato de o país estar com um sistema democrático sólido, a ponto de estar colocando os ex-presidentes e outros políticos corruptos na cadeia, e de permitir segurança para o investidor estrangeiro. Livre comércio, ampliação da produção e da exportação, inflação baixa e controle dos gastos públicos constituem outros fatores. Acrescente-se ainda o alto incremento no turismo, ao qual se soma o setor gastronômico.
Minérios e pescado têm sido tradicionalmente as principais exportações do país. A estas veio acrescentar-se o ouro, graças a uma participação dos chineses, e mais, frutas, como abacate e uva, aspargo, milho, etc. Outro grande investimento foi no setor de Turismo. O país soube aproveitar a sua história inca e os respectivos sítios arqueológicos, como Cuzco e Machu Pichu, além da própria Lima, a capital, onde é possível encontrar pirâmides em pleno centro da cidade. E, ao lado de uma delas, por exemplo, o restaurante Huaca Pucllana, com uma vista maravilhosa e alta gastronomia. Este último um setor que ganhou força e que colocou os restaurantes peruanos no top de linha mundial. Para se jantar, por exemplo, no Astrid y Gastón, é preciso fazer uma reserva com, no mínimo, um mês de antecedência.
O centro histórico de Lima está hoje restaurado, limpo e seguro. Os bairros classe alta de Miraflores e San Isidro, ladeando o mar, concentram os famosos restaurantes. E a viagem para machu Pichu é feita em trem confortável e limpo, até o sopé da montanha. À qual se sobe através de micro-ônibus. Tudo isto ajudou a fazer com que a pobreza no país que, em 2004 era de 58,7% da população, tenha caído neste ano para 21,7%. E apesar da Odebrecht, que admitiu ter pago 29 milhões de dólares em propina, entre 2004 e 2014, para a obtenção de contratos.