Nesta quarta-feira, 25 de outubro, transcorreu o centenário da Revolução Russa, acontecimento que iria mudar o panorama do mundo ao longo de sete décadas. Uma revolução que prometeu dar aos russos, paz, terra, democracia, pão, liberdade e trabalho. Para isto foi derrubado o regime dos czares, numa época em que todos esses fatores estavam faltando. Quem visita o Museu Hermitage, em São Petersburgo, pode perceber o que era a extravagância do regime. A rainha Catarina, por exemplo, se ufanava de não repetir vestido. Em meio a isto o povo passava fome e quando se manifestava era reprimido com violência.
O terreno estava fértil para a vitória daqueles que pregavam o sonho de um mundo onde todos pudessem viver em igualdade de condições. Por algum período foi vivida esta utopia. No entanto, o tempo logo mostrou que os ideais revolucionários iam caindo pouco a pouco. A começar pela democracia, pois passou a vigorar o regime de partido único, com a perseguição a quem discordava. Pessoas foram transferidas a força da cidade para o campo. Milhares morreram. Mas a chamada Revolução Soviética se ampliou e passou a envolver outros países vizinhos, na chamada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, num movimento que, ao final da Segunda Guerra Mundial passou a envolver todo o Leste europeu.
E da conflagração mundial passou-se à Guerra Fria, a confrontação entre a URSS, comunista, e os Estados Unidos, capitalista. Seguiu-se uma corrida armamentista, especialmente nuclear, criando o que se convencionou chamar de “equilíbrio do terror”, pois uma potência sabia que se destruísse a outra seria destruída também. O tempo, no entanto, mostrou aos soviéticos que não se pode viver sem liberdade. Que mesmo num regime dito igual para todos, os detentores do poder criam seus privilégios. Que não se pode alcançar produtividade numa fábrica onde não se cobra responsabilidade e onde poderia funcionar com 40 empregados, mas tem 80. Que não se pode deixar de lado os avanços da tecnologia. Entre tantas outras coisas. Que não se poderia, sendo alemão, viver numa parte Leste poluída e atrasada tecnologicamente, sem liberdade de locomoção e de expressão, vendo na parte Oeste seus irmãos desfrutando de excelente condição de vida. Foram estes e outros fatores que levaram à derrubada do Muro de Berlim, símbolo maior da queda do comunismo na Europa, em 1989,o que viria a ser seguido pelo término da União Soviética, em 1991, e do fim de uma utopia.