O papa Francisco prometeu aos colombianos que se fosse assinado um acordo de paz entre o Governo e as Farc ele iria visitar o país. Nesta semana cumpriu a promessa. E chegou justo no momento em que a ex-organização guerrilheira anunciava a posse dos dirigentes do que passa a ser agora uma entidade política. A sigla será a mesma, Farc. O nome, Força Alternativa Revolucionária do Comum. Rodrigo Londoño, o Timochenko, antigo líder da organização e quem assinou o acordo de paz, foi empossado como presidente e declarou que a organização deixava a guerrilha para atuar como um partido, “dentro dos preceitos da democracia e da lei”.
A Colômbia fecha um ciclo de mais de 50 anos de conflito em que morreram mais de 260 mil pessoas e mais de 7 milhões foram deslocados de seus lugares de origem. Ao chegar, o Papa foi recebido por um menino de 13 anos que lhe entregou a escultura de uma pomba. Ele é o símbolo de uma das muitas atrocidades que aconteceram no país durante o conflito. Filho da política Clara Rojas, ele nasceu na selva enquanto ela era refém. Devido à serie de atrocidades cometidas pelas Farc muita gente foi contra o acordo. A começar pelo ex-presidente e hoje senador Álvaro Uribe. Ele contesta uma das benesses concedidas aos guerrilheiros. Como partido, eles terão direito, na próxima eleição, a cinco cadeiras na Câmara dos Deputados e outras cinco no Senado, mesmo que não consigam votos para tal. Sem dúvida, uma concessão generosa, mas, segundo o presidente Santos, foi um dos preços a pagar pela paz.
Paz que ainda não está de todo estabelecida no país, porque existe um outro movimento guerrilheiro, o ELN, Exército de Libertação Nacional. Organização que se inspira na Teologia da Libertação e que ainda tem de 2500 a 3000 integrantes. Sua renda vem de seqüestros, extorsões e ataques em rodovias. Santos conseguiu um cessar-fogo com o grupo a partir de 1º de outubro. A estas alturas não restará ao enfraquecido grupo outra alternativa do que aderir ao processo de paz estabelecido no país.