O presidente Donald Trump completou nesta quinta-feira seis meses à frente do governo dos Estados Unidos. Um período em que repetiu suas bravatas dos tempos eleitorais, mas viu seu prestígio cair de forma acentuada. Chegou a apenas 36% de aprovação, o índice mais baixo para um presidente do país em início de mandato em tempos recentes. E na semana em que comemorava o seu meio ano de mandato, Trump viu esvair-se duas de suas promessas de campanha. Uma delas, o substituto para o Obamacare. E a outra, a denúncia do acordo em torno do programa nuclear do Irã que pretendia fazer.
Para substituir o plano de saúde criado por Barack Obama, que amparou 30 milhões de cidadãos, Trump criou o seu próprio programa. Porém não levou. O mesmo foi bombardeado tanto na Câmara dos Representantes quanto no Senado. Duas casas em que o Partido Republicado de Trump tem maioria. Ou seja, nem seus parceiros políticos acreditaram no seu plano. Quanto ao acordo com o Irã, Trump, meio constrangido, disse nesta quarta-feira que o mesmo iria continuar. E o fez por pressão dos demais signatários do acordo: Grã-Bretanha, França, Rússia, China – países que junto com os EUA compõem o Conselho de Segurança da ONU – e mais a Alemanha. Todos constataram que o Irã estava cumprindo os ditames do acordo, não havendo, portanto, motivo para rompê-lo. Assim, duas promessas de governo se esvaíram, sem contar o muro que prometera na fronteira com o México, que ainda não foi levantado.
Mas o que mais pesa sobre Trump é o índice Portland de países com mais “soft Power”, divulgado esta semana, que mostra que sob Trump os EUA perderam a liderança do ranking em que estavam no ano passado. O “soft Power” é o poder de persuasão, a capacidade de convencimento. O que era pleno com Obama e que agora caiu com Trump pela falta de diálogo. Joseph Nye, professor de Harward, criador do conceito de “soft power”, assim como outros de grande importância sobre poder e liderança na política global, diz que Trump deu início à erosão do poder exercido pelos EUA.
Ao mesmo tempo, vem a revelação do Washinton Post de que os EUA vão deixar de lutar ao lados dos rebeldes na Síria. Considerando que esta era uma vontade expressa pelo líder russo Vladimir Putin, tendo em vista que seu país luta ao lado das forças de Bashar Al-Assad, é de se deduzir que este acerto se deu por ocasião da cúpula do G-20. E que Putin conseguiu exercer o “soft Power” sobre Donald Trump.