Como a Alemanha, a Coreia já foi um só país e viu-se dividida por uma guerra. Como a Alemanha, a Coreia busca a sua reunificação. A história recente da Coreia antes da divisão é marcada pela dominação do Japão, estabelecida em 1910, após guerra que envolveu China e Rússia. Esta dominação terminou com a rendição do Japão na Segunda Guerra, em 1945. Porém, com a outra guerra que se seguiu, a Guerra Fria, a Coreia foi dividida, em 1948, em duas zonas de ocupação, uma pela Rússia e outra pelos EUA. No norte foi oficializado o regime comunista, sob a liderança de Kim Il-sung, que estava exilado na Rússia. Em 25/06/1950, tropas da Coreia do Norte invadiram o sul, na tentativa de unificar o país sob o regime comunista. Os EUA saíram em defesa do sul, dominaram o norte, e avançaram até a fronteira da China, que entrou também no conflito. Depois de avanços e recuos, foi assinado um armistício em julho de 1953, criando-se uma zona de separação, desmilitarizada, em Panmunjon, no Paralelo 38.
Desde então tivemos a Coreia do Norte comunista e a Coréia do Sul capitalista. Ao longo do tempo múltiplos conflitos se sucederam e as diferenças entre dois povos de uma mesma nação se acentuaram. Tanto que hoje, para se falar em reunificação, é preciso levar em conta fatores que diferem em muito da Alemanha reunificada. A diferença de poder aquisitivo entre os alemães ocidentais e orientais era de três por um. O marco oriental valia três vezes menos que o ocidental. No caso da Coreia, os sul-coreanos ganham de 14 a 40 vezes mais que os do norte. Não há informação oficial, mas, o PIB per capita da Coreia do Norte é estimado em US$ 1.700, um dos mais baixos do mundo. Enquanto que o da Coreia do Sul é de US$ 39.246. O PIB do país sul-coreano é de US$ 1.936 trilhão, enquanto o do vizinho do norte é de US$ 12,38 bilhões.
Administrar essas profundas diferenças ainda seria possível ao longo do tempo. Mas a pergunta fundamental é: o Homem do Foguete, como Trump chama Kim Jong-un, que tem um poder bélico enorme na mão, vai aceitar participar de um processo em que ele terá que se submeter ao voto popular para ocupar o cargo? Na Alemanha Oriental Erich Honecker, chefe de governo, antes todo poderoso, ao tempo da queda do comunismo, não tinha poder, tendo inclusive entregado o cargo para Egon Krenz. Ou seja, mais profunda que a diferença de poder aquisitivo das populações da Alemanha e da Coreia é o poder que tinha Honecker e o que tem Kim Jong-un. Fatores que tornam a reunificação da Coreia muito mais complexa.