Passei esta semana na cidade do México. Neste período, pude revisitar seus museus que contam a rica história pré-colombiana, bem como do período de dominação espanhola e de lutas pela independência do país. Pude verificar também a luta deste país contra a corrupção. Tal qual no Brasil, há descrédito total com a classe política. E aqui pouco ou quase nada se avançou na condenação dos implicados em fraude. Há inclusive a forte denúncia contra a Odebrecht, que também não avançou. E tampouco para as eleições presidenciais do próximo ano há algum entusiasmo. Até agora nenhum candidato empolga.
O país que está sendo alvo de ações contrárias por parte de Donald Trump, está tendo uma grande conquista graças à política anti-imigração do presidente americano. Como não podem buscar talentos em muitos países, empresas como Facebook, Amazon e Oracle já mudaram suas sedes para o México.
Mas, o que mais me tocou aqui foi acompanhar o sofrimento daqueles que perderam seus entes queridos assim como suas habitações em decorrência dos dois terremotos que se abateram sobre o país, em 7 e 19 de setembro. Gente que perdeu tudo. Não tem onde morar. A cidade do México pouco sofreu, os danos maiores foram em Oaxaca e Chiapas. Segundo os dados oficiais, são 50.600 residências no país que sofreram dano total. Mas só nos dois estados o número chega a quase 40 mil. Cerca de 60 mil pessoas dormem na rua, em frente às suas casas, para cuidar do pouco que lhes restou. O pior é que muitos prédios ruíram pelo fato de as construtoras não terem cumprido as normas para as edificações formuladas após o grande terremoto de 1985. Esta denúncia foi feita pelo jornalista José Luis Reyna no jornal Milenio, citando inclusive o caso de um prédio elegante, construído há apenas seis meses e que ruiu.
E justamente por esta situação que tive oportunidade de assistir uma grande passeata que foi realizada nesta quinta-feira, pela avenida da Reforma, a mais importante da capital. Foram milhares de pessoas, incluindo crianças, organizadas através de associações as mais diversas, que desfilaram portando cartazes, cobrando do governo e das construtoras o dinheiro para a reconstrução. Foi uma manifestação tocante. Quanto ao custo da reconstrução, que havia sido estimando anteriormente em dois bilhões de dólares, já está sendo elevado para 10 bilhões de dólares.